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Estudo e Pesquisa Escolar



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Língua Portuguesa

- Origem da Língua Portuguesa -

A Língua Portuguesa tem sua origem ligada ao Latim, língua inicialmente falada na região do Lácio, parte da antiga Itália, onde vivia um povo chamado latino, fundador da cidade de Roma. A miscigenação com povos vizinhos e, por volta do século VII a.C., a anexação da região ao Império Etrusco tornaram Roma a cidade mais importante do Lácio. A cidade expandiu seus domínios, levando sua cultura às regiões dominadas militarmente. Na Grécia, no entanto, os romanos encontraram uma cultura de bases sólidas que exerceu forte influência sobre a cultura latina. Os romanos assimilaram esta cultura, formando nossa herança intelectual greco-latina. Nos fins do século III a.C. os exércitos de Roma chegaram à Península Ibérica e iniciaram o processo de Romanização, isto é, de imposição de sua cultura aos diversos povos (principalmente celtas e iberos) que nela habitavam: sua organização política, seu direito, sua religião, sua língua. As chamadas culturas autóctones apenas arranharam a poderosa cultura greco-latina, deixando resquícios concretos de sua existência em alguns topônimos da Língua Portuguesa. O Latim era a língua oficial das regiões conquistadas, mas este Latim não é mais o mesmo do início de Roma, primeiro porque a modalidade do Latim que se expandiu junto com o Império era notadamente falada, mais simples e popular (Latim Vulgar), em oposição à modalidade escrita, complexa e elitizada (Latim Clássico). Segundo porque o aprendizado de uma segunda língua deixa nela, em qualquer situação, o acento da língua materna. Terceiro porque a expansão da língua ocorreu de modo imposto, pela força militar, o que gera nos povos dominados certa "má vontade" para aprender.
Enquanto a Romanização se processava, o Cristianismo crescia no Império. No século IV d.C. a fé cristã se torna finalmente a religião oficial de Roma. Do ponto de vista lingüístico, o Cristianismo atuou como força aglutinadora, seja por reunir a comunidade em torno de suas igrejas, seja por preservar o Latim escrito em seus textos sagrados e em seus rituais.
A partir do século V d.C. povos de origem germânica, vindos da Europa Setentrional, invadiram as terras européias do Império. Eram os bárbaros, forma como os romanos nomeavam todos aqueles que, vivendo fora dos limites de seu império, não participavam da cultura latina. Estes povos tinham organização social e acervo cultural muito simples se comparados à complexidade da cultura greco-latina. Assim, vencedores pela força, acabaram subjugados pelo
poder cultural dos povos romanizados e optaram por preservar as instituições romanas para que pudessem se manter no poder: aprenderam sua língua, adotaram sua religião, assimilaram seus costumes. Mas deixaram sua marca no Latim, que nesta época já se encontrava bastante fragmentado. No Português contemporâneo encontramos palavras de origem germânica, geralmente ligadas à guerra ou à agricultura.
No século VIII d.C. vieram os árabes, eles permaneceram na região por sete séculos, dominando vastas regiões, com exceção do norte, mais montanhoso e hostil, onde os cristãos refugiaram-se para organizar a resistência à invasão. Inúmeros vocábulos ligados ao comércio, à guerra, à administração, à vida cotidiana são de origem árabes.
Em toda a Europa falava-se neste momento o romanço, nome dado a um conjunto de dialetos que formam a fase transitória entre o Latim e suas atuais línguas neo-latinas.
Enquanto isso, os povos do norte organizavam a Reconquista do território ocupado pelos árabes. No século XI d.C. a região dividia-se em reinos cristãos (Leão, Castela, Aragão, Navarra). Afonso VI, rei de Leão e Castela comandava a expulsão dos mouros, nisto sendo auxiliado por nobres de toda a Europa cristã. Recebendo a ajuda de Raimundo e Henrique de Borgonha, D. Afonso ofereceu ao primeiro sua filha legítima, Dna. Urraca e o governo da Galiza; ao segundo, sua filha ilegítima, Dna. Tareja e o governo do Condado de Portucalense.
O filho desta últina união, D. Afonso Henriques, influenciado pela ambição de sua mãe e pelo desejo de emancipação do povo da região, declarou a independência do Condado no século XII. Tornou-se, assim, o primeiro rei de Portugal e continuou a expandir seus domínios lutando, por um lado, contra Leão e Castela e, por outro, contra os árabes.
O Galego-Português era o dialeto falado na região do Condado, mas à medida que suas fronteiras avançavam para o sul este dialeto modificou-se em contato com os falares do sul, que acabaram por prevalecer. Desta forma, o Galego se constituiu como variante do Espanhol e o Português se desenvolveu como língua da nova nação.
As grandes navegações, a partir do século XV d.C. alargaram os domínios de Portugal e levaram a Língua Portuguesa às novas terras da América (Brasil), África (Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique, S. Tomé e Príncipe), Ásia (Macau, Goa, Damão, Diu), Oceania (Timor) e Ilhas do Atlântico (Açores e Madeira). Em contato com outras línguas, o Português também se modificou, deu origem a novos falares e dialetos, mas não se fragmentou como o Latim, mantendo sua unidade com a língua falada em Portugal e em muitas das regiões acima citadas.
Paralelamente a este processo, desenvolviam-se, a partir dos vários romances, as demais línguas neolatinas: o Francês (França e colônias francesas), o Castelhano, dialeto de Castela, também chamado Espanhol (Espanha e colônias espanholas), o Provençal (sul da França), Rético (Suíço e Tirol), Italiano (Itália), Romeno (Romênia).

- Trovadorismo –

A produção artística vai estar impregnada, neste período, do espírito teocêntrico. As artes decorativas predominam, sempre deformando os elementos objetivos do mundo ou procurando simbolizar o universo espiritual e sobrenatural através do qual o homem interpreta sua realidade. O estilo gótico, com suas formas alongadas, ogivais e pontiagudas, parece expressar forte desejo humano de ascender a uma nova e eterna vida. A literatura, geralmente escrita em latim, não ultrapassa os limites religiosos em sua temática: a vida dos santos, a liturgia dos rituais cristãos. Mas em torno dos castelos feudais desenvolve-se também uma arte leiga que, mesmo, às vezes, chegando ao profano, redimensiona a visão de mundo medieval e aponta novos caminhos. É a arte dos trovadores e suas cantigas, das novelas de cavalaria.
Em Portugal floresceram cantigas de tipos diversos quanto à temática:
- Cantigas de Amigo - Nasceram no território português e constituem um vivo retrato da vida campestre e do cotidiano das aldeias medievais na região. Embora compostas por homens, procuram expressar o sentimento feminino através d pequenos dramas e situações da vida
amorosa das donzelas, geralmente, as saudades do namorado que foi combater contra os mouros, a vigilância materna, as confissões às amigas. Há nessas cantigas uma forte presença da natureza, sua linguagem é simples e sua estrutura apropriada ao canto e à transmissão oral apresenta refrão e versos encadeados e repetidos ou ligeiramente modificados (paralelismo).
- Cantigas de Amor - Surgiram no sul da França, na região de Provença. Expressam o sentimento amoroso do trovador que se coloca a serviço da mulher amada. Aqui, o amor se torna tema central do texto poético, deixando de ser pretexto para a discussão de outros temas. Mas é um amor não realizado, não correspondido, que fica sempre num plano idealizado. E de outro modo não poderia ser, pois a mulher amada se encontra socialmente afastada do poeta: é a senhora, esposa do senhor feudal. São cantigas que espelham a vida na corte através de forte abstração e linguagem refinada.
- Cantigas de escárnio e de maldizer - Reúnem a produção satírica e maliciosa da época. Enquanto as de escárnio são críticas e suas ironias feitas de modo indireto, as de maldizer, utilizando linguagem mais vulgar, às vezes obscena, referem-se direta e nominalmente a suas personagens. Os temas centrais destas cantigas são as disputas políticas, as questões e ironias que os trovadores se lançam mutuamente e que nos lembram os "desafios" de nossa literatura de cordel, as intimidades de alcova, a covardia ou a falta de jeito de alguns cavaleiros, as mulheres feias. É verdade que seu valor poético é pequeno, mas seu aspecto documental torna imprescindível seu estudo.
- As novelas de cavalaria - Surgiram na França e na Inglaterra derivadas das canções de gesta e de poemas épicos medievais. Refletiam, de modo geral, os ideais da nobreza feudal: o espírito cavalheiresco, a fidelidade, a coragem, o amor servil. Mas estavam também impregnadas de elementos da mitologia céltica. As histórias mais conhecidas são aquelas que pertencem ao "ciclo arturiano", A Demanda do Santo Graal é uma das mais importantes deste ciclo, a qual reúne os dois elementos fundamentais da Idade Média quando coloca a Cavalaria a serviço da Religiosidade. Além das novelas do ciclo arturiano merecem destaque também "José de Arimatéia" e "Amadis de Gaula".
"Estes meus olhos nunca perderam,
senhor, gran coita, mentr'eu vivo fôr;
e dire-vos fremosa mia senhor,
destes meus olhos a coita que han:
choran e cegan, quand' alguen non veen,
e ora cegan por alguén que veen.

Grisado teen de nunca perder
meus olhos coita e meu coraçon,
e estas coitas, senhor, mias son:
mais los meus olhos, por alguen verr,
choran e cegan, quan' alguen non veen,
e ora cegan por alguen que veen.

E nunca já poderei haver ben
pois que amor já non quer nen quer Deus;
mais os cativos destes olhos meus
morrerán sempre por veer alguen:
choran e cegan, quand' alguen non veen,
e ora cegan por alguen que veen."
(João Garcia de Guilhade)

– Humanismo –

Os últimos séculos medievais foram marcados por crises em todos os aspectos da vida social. Forma-se uma nova concepção de mundo, um novo sentimento de ser humano. O Feudalismo entra em decadência, esgotado por guerras constantes que, aliadas às epidemias, fazem escassear a mão-de-obra rural e a produção agrícola. O poder político se concentra mais nas mãos dos reis, cuja autoridade, até então, se restringia aos limites dos feudos reais. Fortalecidas, as monarquias afirmavam sua independência em relação à Igreja e já não aceitavam tanto sua intromissão nos assuntos de Estado. Por outro lado, já desde o século XI a atividade mercantil se reativara e, em torno dela, a cidade, a vida urbana e um novo grupo social: artesãos e burgueses se ocupavam mais com os lucros da vida terrena do que com a recompensa da vida eterna. Nesta nova classe intermediária haviam setores hierarquizados: o patrão e o obreiro, os mestres e os aprendizes. Os mais ricos almejam o prestígio da nobreza, os mais pobres lutam por seus salários. Emerge como novo indicativo de riqueza e poder, ao lado da terra, o dinheiro.
O conhecimento circulava mais agilmente pela cidade; a invenção da Imprensa (Gutemberg - 1450), vem dinamizar definitivamente este processo, tirando da Igreja a posse do acervo cultural: as obras podiam ser reproduzidas em menor tempo e maior quantidade, propiciando a formação de bibliotecas fora dos mosteiros. Embora o padrão cultural e intelectual ainda seja aquele sinalizado pela nobreza e pelos setores eclesiásticos, é a classe média quem financia a cultura e a vida urbana que fornece seus temas. Assim, a conformação psicológica do burguês, mais centrada na observação e no raciocínio, assume um papel importante na produção cultural. O "conhecer pela observação" substitui gradativamente o "conhecer pela fé". Deus lentamente desloca-se do centro da atenção do homem, que começa a prestar atenção em si mesmo. É o movimento humanista que prepara uma definitiva transformação na concepção do mundo: o antropocentrismo que se concretizará nos séculos seguintes.
Esses novos valores, assumidos pelo homem a partir do século XIV, deixarão sua marca na produção artística: na pintura, a figura humana ganha forma, expressão e proporção; a música torna-se polifônica, a arquitetura gótica agoniza.
A Literatura oscila entre a preservação de antigos valores e a preparação de um novo homem. Na Literatura Portuguesa o início desse período é marcado pela nomeação de Fernão Lopes como cronista da corte portuguesa e o final com a obra teatral de Gil Vicente. Nestes dois autores percebe-se uma concepção cristã da vida: o primeiro tentando dirigir espiritualmente a aristocracia, o segundo, se apoiando em valores cristãos e medievais. Mas a obra de ambos é mais ampla do que isto.

- Renascimento -

Movimento de grande renovação cultural que dominou a Europa, sobretudo nos séculos XV e XVI, sendo a colocação do Humanismo no plano concreto. Teve como berço os prósperos centros comerciais de Veneza e Florença, sendo um reflexo das transformações econômicas, sociais e políticas desse período( crescimento das cidades, surgimento da burgesia, fortalecimento do poder real, entre outras).
Uma das principais causas para o desenvolvimento cultural dessa época foi a divulgação dos conhecimentos da Antigüidade Clássica. Diversos intelectuais e artistas bizantinos emigraram para a Itália, levando valiosos manuscritos de poetas e filósofos gregos.
O surgimento dos mecenas também foi de grande importância, estes eram burgueses, príncipes, reis e papas, que protegiam os artistas e os intelectuais, sendo assim chamados porque, no reinado de Augusto, na Roma antiga, o cavaleiro Caio Mecenas protegia os artistas.
Atualmente o termo Renascimento é bastante contestado, pois leva as pessoas a acreditarem que na Europa medieval não houve produção cultural.
O Renascimento foi dividido em três fases: "Trecento"(século XIV),"Quatrocento"(século XV) e "Cinquecento"(século XVI).
Renascimento Literário
- "Trecento"- no qual destacou-se o poeta Francisco Petrarca, considerado o "Pai do Humanismo". Compôs inúmeras poesias líricas em homenagem a sua amada(estas eram escritas em italiano, que não era considerada uma língua culta), escreveu várias obras em latim, como "África", poema sobre a Segunda Guerra Púnica, enaltecendo Cipião, o Africano.
Deste período também pode destacar-se Giovanni Boccaccio e sua obra "Decameron", na qual narra a fuga de sete rapazes e três moças, da cidade de Florença para o campo, durante a peste negra.
- "Quatrocento"- chamado também de "Apogeu Renascentista". Florença, patrocinada pela família Médicis, tornou-se o principal centro renascentista. Nesta fase destacaram-se: Manetti Poggio e Becadelli.
- "Cinquecento"- desta fase pode-se destacar Nicolau Maquiavel. Historiador e estadista, tornou-se famoso pela obra "O Príncipe", na qual lançou as bases para a implantação da monarquia absoluta ao defender o Estado unificado, forte, centralizado e livre da influência da Igreja. Para ele, "o homem que queria em tudo agir como bom acabará arruinando-se em meio a tantos que são bons".
Em Rotterdam surgiu Desidério Erasmo com a obra "O Elogio da Loucura". Criticou violentamente a sociedade européia, satirizando os costumes decadentes e pregando a necessidade de reformar a Igreja Católica.
Na Espanha, o principal vulto do Renascimento Literário foi Miguel de Cervantes, autor de "Dom Quixote de La Mancha", em que satiriza a cavalaria medieval.
Em Portugal, Luís de Camões consagrou-se com "Os Lusíadas", obra que narrou a história de Portugal desde suas origens até os grandes feitos da expansão marítima portuguesa.
William Shakespeare, autor de peças teatrais como "Hamlet" e "Otelo", foi outro vulto inquestionável do Renascimento.
Renascimento Artístico
Inspirando-se nas obras da Antigüidade Clássica, os artistas renascentistas deram aos seus trabalhos equilíbrio e elegância, procurando, juntamente com os temas religiosos, explorar a mitologia e as cenas do cotidiano.
O grande vulto da Escola de Roma foi Leonardo da Vinci, autor de quadros como "Mona Lisa" e "Santa Ceia", a ele atribui-se estudos que anteciparam importantes inventos e conhecimentos técnico-científicos - como o avião, o helicóptero e o submarino.

- Barroco -

Nasce da crise de valores renascentistas, ocasionada pelas lutas religiosas e pela crise econômica vivida em conseqüência da falência do comércio com o Oriente. Inicia-se no Brasil em 1601, com a publicação do poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira. Estende-se por todo o século XVII e início do XVIII.
Seu rebuscamento reflete o conflito entre o terreno e o celestial, o homem e Deus (antropocentrismo x teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo renascentista, o material e o espiritual, que tanto atormenta o homem do século XVII. Surge uma tendência sensualista, caracterizada pela busca do detalhe num exagerado rebuscamento formal.
Podem ser notados dois estilos no Barroco literário:
- Cultismo - caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante; a valorização do detalhe mediante jogo de palavras. Tem forte influência do espanhol Luís de Gôngora; no Brasil podem ser citados: Gregório de Matos Guerra e Bento Teixeira.

- Conceptismo - marcada pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, racionalista, usando uma retórica aprimorada.O espanhol Quevedo foi um dos principais nomes desse estilo; no Brasil, tem-se como exemplo o Padre Antônio Vieira.
A escultura Barroca brasileira teve maior nome Antônio Francisco da Costa Lisboa (Aleijadinho).
Décima
"Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
Se me dais este favor,
sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fico então Pica-Flor."
(Poema de Gregório Matos, em resposta a uma freira que satirizou sua fisionomia, chamando-o de "Pica-Flor").

- Arcadismo (ou Neoclassicismo) -

O ano de 1768 é considerado a data inicial do Arcadismo no Brasil, com dois fatos marcantes: a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica; a publicação de "Obras", de Cláudio Manuel da Costa.
A Arcádia Lusitana tinha por lema a frase latina "Inutilia truncat"("acabe-se com as inutilidades"), que vai caracterizar todo o Arcadismo, sendo uma oposição ao exagero e a extravagância barroca.
São seguidos os modelos clássicos greco-latinos e renascentistas.
Os árcades voltam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril (inspirados no "Fugere urbem" - "Fugir da cidade" - de Horácio e no "bom selvagem" de Rousseau).É a busca do "locus amoenus", de um refúgio ameno em oposição aos centros urbanos monárquicos. Surge o "carpe diem"("gozar o dia") que caracteriza-se pela preocupação em aproveitar ao máximo o momento presente, pois o tempo passa rápido.
Essa fuga da cidade reflete o fingimento poético do Arcadismo, uma vez que os burgueses não pretendiam realmente abandonar as cidades, onde estavam seus negócios. A "fuga" representava apenas um estado de espírito. Esse fingimento também reflete-se no uso de pseudônimos pastoris.
Os principais nomes da literatura árcade brasileira foram:
- Cláudio Manuel da Costa (que adotou como pseudônimo: Glauceste Satúrnio);
- Tomás Antônio Gonzaga (pseudônimo: Dirceu);
- Santa Rita Durão;
- Basílio da Gama ( pseudônimo: Termindo Sipílio).

- Romantismo -

O Romantismo se inicia no Brasil em 1836, quando Gonçalves de Magalhães publica na França a Niterói - Revista Brasiliense e, no mesmo ano, lança um livro de poesias românticas intitulado Suspiros poéticos e saudades.
Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de nacionalismo, a imagem do português conquistador deveria ser varrida; há necessidade de auto-afirmação da Pátria que se formava. O Romantismo se encaixa perfeitamente neste contexto, devido as características de sua fase inicial: Nacionalismo (manifestado na exaltação da natureza pátria, retorno ao passado histórico e criação do herói nacional - no caso brasileiro, o índio); sentimentalismo (valorização dos sentimentos); o subjetivismo (as emoções pessoais, o mundo interior é o que conta); essa valorização do "eu" leva ao egocentrismo, gerando um conflito entre a realidade e o seu mundo, a derrota inevitável do "eu" leva a frustração e tédio, trazendo outra característica romântica, a fuga da realidade (no álcool, no ópio, a saudade da infância, e a maior de todas as fugas, a morte).
O Romantismo Brasileiro pode ser dividido em três gerações:
- 1ª geração (nacionalista ou indianista) - marcada pela exaltação da natureza, volta ao passado histórico, medievalismo e criação do herói nacional. Entre os principais autores podem ser destacados Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo Porto Alegre.
- 2ª geração (do "mal século") - influenciada pela poesia de Lord Byron e Musset, impregnada de egocentrismo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescente e tédio constante. Seu tema preferido é a fuga da realidade. Os poetas dessa geração foram Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.
- 3ª geração (condoreira) - caracterizada pela poesia social e libertária. Sofreu forte influência de Victor Hugo e sua poesia político-social. O termo condoreirismo é conseqüência do símbolo de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor. Seu principal representante foi Castro Alves, seguido por Tobias Barreto e Sousândrade.
Romantismo (prosa) - cronologicamente o 1º romance brasileiro foi "O filho do pescador" (1843), de autoria de Teixeira e Sousa, porém sua trama confusa não define as linhas que o romance romântico seguiria no Brasil. Por isso, convencionou-se adotar o romance "A Moreninha" (1844), de Joaquim Manuel de Macedo, como 1º romance brasilero.
Como autores importantes ainda podem ser citados Manuel Antônio de Almeida, José de Alencar, Visconde de Taunay e Bernardo Guimarães.
Teatro Romântico - é no Romantismo que se define o teatro nacional, sendo Gonçalves de Magalhães, com Antônio José ou o poeta e a inquisição (1838), seu iniciador; e Martins Pena, com suas comédias de costumes, ao lado do importante papel desempenhado pelo ator João Caetano, responsáveis por sua consolidação.
" Boa - noite, Maria! Eu vou - me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa - noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.

Boa - noite! ... E tu dizes - Boa - noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito,
- Mar de amor onde vagam meus desejos.

(...)

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!"

(Trecho do poema de Castro Alves).

- Realismo e Naturalismo -

"O Realismo é uma reação contra o Romantismo: O Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos - para condenar o que houve de mau na nossa sociedade"
(Eça de Queirós).

Em 1857 é publicado na França o romance "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, considerado o primeiro romance realista da literatura universal.
O primeiro romance naturalista é publicado em 1867, sendo "Thérèse Raquin", de Émile Zola.
No Brasil, considera-se 1881 o ano inicial do Realismo brasileiro, com a publicação de "O Mulato", de Aluísio Azevedo (primeiro romance naturalista brasileiro); e "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis (primeiro romance realista do Brasil).
As características do Realismo estão intimamente ligadas ao momento histórico, refletindo as idéias do Positivismo, do Socialismo e do Evolucionismo. Manifesta o objetivismo, como uma negação do subjetivismo romântico; o personalismo cede terreno ao universalismo; o materialismo leva a negação do sentimentalismo.O Realismo preocupa-se com o presente, o contemporâneo (a volta ao passado histórico do Romantismo é posta de lado).

Os autores do Realismo são adeptos do determinismo, pelo qual a obra de arte seria determinada por três fatores: o meio; o momento; e a raça (esta dizendo respeito à hereditariedade). O avanço das ciências, no século XIX, tem grande influência, principalmente sobre os naturalistas (daí falar-se em cientificismo nas obras desse período).
Ideologicamente, os autores desse período são autimonárquicos (defendem o ideal replubicano); negam a burguesia (a partir da célula-mãe da sociedade, daí a presença constante dos triângulos amorosos - o pai traído, a mãe adúltera e o amante, este sempre um "amigo da casa"); são anticlericais (destacam-seos padres corruptos e beatas hipócritas).

- Romance realista -

É uma narrativa mais preocupada com a análise psicológica, fazendo crítica à sociedade a partir do comportamento de determinados personagens. Faz uma análise da sociedade "por cima", visto que seus personagens são capitalistas, pertencentes à classe dominante.
Este tipo de romance é documental, sendo retrato de uma época.
Foi cultivado no Brasil por Machado de Assis, em obras como "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Quincas Borba" e "Dom Casmurro".

- Romance naturalista -

Sua narrativa é marcada pela análise social a partir dos grupos humanos marginalizados, valorizando o coletivo. A influência de Darwin é marcante na máxima naturalista segundo a qual o homem é um animal, deixando-se levar pelos instintos naturais, que não podem ser reprimidos pela moral da classe dominante. A constante repressão leva às taras patológicas, bem ao gosto dos naturalistas; esses romances são mais ousados, apresentando descrições minuciosas de atos sexuais, tocando até em temas como o homosexualismo.
Foi cultivado no Brasil por Aluísio de Azevedo ("O Mulato"), Inglês de Sousa e Júlio Ribeiro. Raul Pompéia é um caso a parte, pois seu romance, "O Ateneu", apresenta características ora naturalistas, ora realistas, ora impressionistas.
Existem várias semelhanças entre o romance realista e o naturalista, podendo-se até mesmo afirmar que ambos partem de um ponto comum para chegarem a mesma conclusão, sendo que percorrendo caminhos distintos.

- Parnasianismo -

É a manifestação poética do Realismo, sendo uma estética preocupada com a "arte pela arte" ou a "arte sobre a arte", com seus poetas à margem das grandes transformações do final do século XIX e início do século XX. Essa estética manifesta-se no final da década de 1870. Sua influência básica é francesa, a partir do nome, uma alusão às autologias publicadas na França a partir de 1866, com o título de "Parnase contemporain".
Caracteriza-se por uma postura anti-romântica, baseando-se no binômio objetividade temática / culto da forma. A objetividade temática surge como negação ao sentimentalismo romântico, buscando a impassibilidade e a impessoalidade. Retoma-se a Antigüidade Clássica, com seu racionalismo e formas perfeitas. Surge a poesia filosófica, de meditação, porém artificial.

- Simbolismo -

"Sugerir, eis o sonho."
(Stéphane Mallarmé, simbolista francês).

Surge no Brasil em 1893 com a publicação de dois livros: "Missal" (prosa) e "Broquéis" (poesia), ambos de Cruz e Sousa. Estende-se até o ano de 1922, data da realização da Semana de Arte Moderna.
O início do Simbolismo não pode ser entendido, no entanto, como término da escola antecedente, o Realismo. Na verdade, no final do século XIX e início do século XX temos três tendências caminhando paralelas: o Realismo e suas manifestações (romances realistas e naturalistas e poesia parnasiana); o Simbolismo, situado à margem da literatura acadêmica da época; e o Pré-Modernismo, com o surgimento de alguns autores preocupados em denunciar a realidade brasileira.
No plano internacional, o Simbolismo surge como uma negação, uma volta a realidade subjetiva, em oposição a uma realidade mundial difícil de ser entendida racionalmente (as disputas por mercados fornecedores de matéria-prima e mercados consumidores, lançava o fantasma da guerra sobre o mundo). Muitos afirmam que não houve momento típico para o Simbolismo no Brasil, sendo esta escola literária a mais européia dentre as que se desenvolveram no país, por isso chamada de "produto de importação". Mas é interessante ressaltar que ela se origina no Brasil na região Sul, um território marginalizado pela elite cultural e social do país (esta região foi a que mais sofreu com a oposição à fase inicial da República - a "República vestida de farda"; o Rio Grande do Sul foi palco de intensas lutas iniciadas em 1893 - mesmo ano do início do Simbolismo; também são importantes nesse contexto a Revolução Federalista, ocorrida no Rio Grande do Sul, e a Revolta da Armada, ocrrida no Rio de Janeiro).
Daí, talvez, a origem do clima propício ao Simbolismo, marcado por frustrações, angústias, falta de perspectiva, resultando no afastamento do fato e na busca do sujeito.
O Simbolismo apresenta-se como uma negação ao Realismo e suas manifestações: nega o cientificismo, o materialismo, o racionalismo, valorizando as manifestações metafísicas e espirituais.

O homem volta-se para uma realidade subjetiva (o "eu" passa a ser o universo, mas não o "eu" superficial, sentimentalóide e piegas do Romantismo - os simbolistas buscam a essência do ser humano, aquilo que ele tem de mais profundo e comum a todos: a alma). Disto surge a sublimação (a perfeição, algo além da vulgaridade) tão procurada pelos simbolistas: a oposição entre a matéria e o espírito, a purificação, na qual o espírito atinge as regiões etéreas, o espaço infinto. Em última análise, tem-se a oposição entre o corpo e a alma, com a liberação da alma, só conseguida com a morte.
O Simbolismo desenvolve uma linguagem carregada de símbolos (os "tropos", isto é, o "desvio", a mudança de uma palavra ou expressão), como conseqüência da valorização do inconsciente e subconsciente, da buca do sonho, da loucura.
A musicalidade é uma das características mais fortes desta estética, como afirmou o simbolista francês Paul Verlaine, em seu poema "Art poétique" : "A música acima de tudo..."
No Simbolismo as palavras transcendem o significado, ao mesmo tempo que apelam para todos os nossos sentidos. É constante o uso de sinestesias e aliterações.
Como representantes dessa estética no Brasil podemos citar, além de Cruz e Sousa que a iniciou, Alphonsus de Guimaraens.

Cárcere das almas

"Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
Para abrir-vos as portas do Mistério?!"

(Cruz e Sousa).

- Impressionismo -

Enquanto o simbolista tendia para a subjetividade, à intuição, o realista se preocupava com a realidade, a objetividade; da junção destas técnicas surgiu uma nova estética, que foi sem dúvida nenhuma, responsável direta da transição para o Modernismo. É o Impressionismo, onde os escritores manifestam as impressões que a realidade lhes causa.

A realidade a que os impressionistas se referem têm características realistas, indo em direção a objetividade, porém a impressão que os escritores têm dessa realidade é subjetiva, sendo muitas vezes guiados pela intuição, características do simbolismo. Isto tudo fez com que o Impressionismo tivesse caráter conflitante e ambíguo.
A principal manifestação do Impressionismo foi o revigoramento do nacionalismo, na busca dos aspectos regionais no conto e no romance, tornando-se um pré-modernista.
O termo Impressionismo veio da pintura, onde designa o movimento artístico da segunda metade do século XIX, originado na França por Monet, Renoir, dentre outros, o qual se baseava no fenômeno da percepção. Para eles, não era fundamental representar o objeto com detalhes e minúcias, mas sim, reter as impressões imediatas que o objeto causasse na sua alma. O quadro que desencadeou o movimento foi Impresssion, de Monet.
O Impressionismo se caracterizou por ser um estilo fundamentalmente sensorial, no qual a natureza não era vista de forma objetiva e sim, interpretada (o que valia era a verdade do artista). Nele houve a valorização do anacoluto, da metáfora, da comparação e o uso de formas verbais como o gerúndio, o imperfeito do indicativo, o infinitivo precedido pelo "a", e outras, dando a idéia de continuidade da ação (aspecto permansivo).
Como o Impressionismo não foi propriamente uma escola, mas sim uma atitude na expressão, suas manifestações surgiram em diversas épocas e, no Brasil, podem ser notadas suas características na obra de autores como: Raul Pompéia (Naturalismo); Euclides da Cunha e Graça Aranha (Pré-Modernismo); e Guimarães Rosa (Modernismo).

- Pré-Modernismo-

Na verdade, o que se convencionou chamar de Pré-Modernismo, não constitui uma "escola literária" (não temos um grupo de autores afinados com um mesmo mesmo ideário, seguindo determinadas características), é um termo genérico para a vasta produção literária das duas primeiras décadas do século XX, que inclui várias tendências e estilos literários (poetas parnasianos e simbolistas, escritores que desenvolvem um novo regionalismo, outros preocupados com a literatura política e, ainda, alguns com propostas realmente renovadoras).
Esse período pode ser limitado, admitindo-se 1902 como ano de seu início (com a publicação de dois livros: "Os sertões", de Euclides da Cunha; e "Canaã", de Graça Aranha) e seu término a Semana de Arte Moderna, em 1922.
Apesar das individualidades muito fortes, com estilos às vezes antagônicos (como é o caso de Euclides da Cunha e Lima Barreto), podem ser percebidos pontos em comum entre as principais obras pré-modernistas:
- apesar de alguns conservadorismos, são obras inovadoras (mais pela temética que pela linguagem - embora Augusto dos Anjos use várias palvras "não-poéticas", como "cuspe", "vômito", "escarro", uma verdadeira afronta à poesia parnasiana).
- a denúncia da realidade brasileira ( o Brasil não-oficial do sertão nordestino, dos cablocos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo).
- o regionalismo, montando um vasto painel brasileiro ( o Norte e o Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha; e o subúrbio carioca com Lima Barreto).
- os tipos humanos marginalizados (o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos).
- uma ligação com os fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, diminuindo a distância entre realidade e ficção.
Essa "descoberta do Brasil" é a principal herança dos autores pré-modernistas para o movimento modernista iniciado em 1922.

- Modernismo -

Tem seu início com a realização da Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Foi idealizada por um grupo de artistas que pretendiam colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada de consciência da realidade brasileira.
- Primeira Fase - estende-se de 1922 a 1930, caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições. É um período rico em manifestos e revistas de vida curta (são grupos em busca de definção).

É o período mais radical do movimento modernista, em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Manifesta um caráter anárquico e destruidor.
O nacionalismo manifesta-se em múltiplas facetas: voltas às origens; pesquisa de fontes quinhentistas; a procura de uma "língua brasileira" (a do povo nas ruas); as paródias (visando repensar a história e literatura brasileiras); e a valorização do índio verdadeiramente brasileiro. É o tempo dos manifestos nacionalistas do "Pau-Brasil" e da "Antropofagia" (dentro da linha comandada por Oswald de Andrade), dos manifestos do "Verde-Amarelismo" e do grupo "Anta", que já trazem as sementes do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado.
No final da década de 20 o nacionalismo apresenta duas vertentes: o nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira, que identificava-se com a esquerda; o nacionalismo ufanista, exagerado, utópico, identificado com a extrema direita.
Nesta fase podem ser destacados nomes que continuaruiam a produzir nas décadas seguintes, como: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado; além de nomes como, Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.
- Segunda Fase - corresponde ao período que vai de 1930 a 1945. Reflete o conturbado momento histórico: depressão econômica, avanço do nazi-fascismo, a II Guerra Mundial( no plano internacional); ascensão de Getúlio Vargas e consolidação de seu poder com a ditadura do Estado Novo(no plano interno).
A poesia desta fase representa um amadurecimento e aprofundamento das conquistas da geração de 1922, notando-se a influência de Mário e Oswald de Andrade sobre os jovens que iniciaram sua produção poética após a realização da Semana (Carlos Drummond dedica seu livro de estréia, "Alguma poesia" - 1930 - a Mário de Andrade).
Os novos poetas cultivam o verso livre e a poesia sintética. Passam a questionar com maior vigor a realidade, isto resultando em uma poesia mais construtiva e politizada. Surge uma corrente mais voltada para o espiritualismo e o intimismo (caso de Cecília Meireles, uma fase de Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius de Morais).
Há um aprofundamento das relações do "eu" com o "mundo", embora sempre com a consciência da fragilidade do "eu".
Esse período registra a estréia de alguns dos nomes mais significativos do romance brasileiro, tais como: José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico Veríssimo.

- Pós-Modernismo -

Catar feijão

"Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.

Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco."
(João Cabral de Melo Neto).

Alguns críticos consideram esse período como uma terceira fase do Modernismo.
Inicia-se em 1945, época do fim da 2ª Guerra Mundial, início da Era Atômica (com as explosões de Hiroshima e Nagasaki). Acredita-se numa paz duradoura, cria-se a ONU; mais tarde é publicada a Declaração dos Direitos do Homem; logo depois tem início a Guerra Fria.
No Brasil, é um período marcado pelo fim da ditadura de Getúlio Vargas e início da redemocratização. Convoca-se uma eleição geral, os candidatos apresentam-se, todos os partidos são legalizados (sem exceções). Logo depois, inicia-se novo período de perseguições políticas, ilegalidades e exílios.
A literatura brasileira passa por profundas alterações, com manifestações que representam avanços e outras, pelo contrário, um retrocesso.
A prosa, tanto nos romances como nos contos, aprofunda a tendência já mostrada por alguns autores da segunda fase do Modernismo, com a busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, introspectiva, com destaque especial para Clarice Lispector. Quanto ao regionalismo, este assume novos rumos, uma vez que não apenas sua temática mas também

sua linguagem irão se renovar, principalmente com Guimarães Rosa e sua recriação dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central.
Na poesia esse novo grupo caracteriza-se pela rejeição dos valores modernistas da 1ª fase, como, por exemplo, o verso livre, a irreverência, o poema-piada. Para esses novos poetas, a poesia deveria ter um maior rigor formal, vocabulário mais erudito, regras e disciplinas de versificação, uma temática universal; eles partem para uma poesia mais "equilibrada e séria", distante do que eles definiam como "primarismo desabonador" de Mário de Andrade. A preocupação primodial era com o "restabelecimento da forma artística e bela"; os modelos voltam a ser os do Parnasianismo e Simbolismo. Esse grupo ficou conhecido como Geração de 45 ou neoparnasianos (esta segunda denominação devido aos princípios por eles defendidos).
Apesar de ter permanecido pouco tempo nesse grupo, o maior representante da poesia do período é João Cabral de Melo Neto.

O luto no sertão

"Pelo sertão não se tem como
não se viver sempre enlutado;
lá o luto não é de vestir,
é de nascer com, luto nato.

Sobe de dentro, tinge a pele
de um fosco fulo: é quase raça;
luto levado toda a vida
e que a vida empoeira e desgasta.

E mesmo o urubu que ali exerce,
negro tão puro noutras praças,
quando no Sertão usa a batina
negra-fouveiro, pardavasca."

(João Cabral de Melo Neto).